A importância de um plano de emergência eficaz na sua empresa
Todas as empresas estão sujeitas à ocorrência de eventos não planejados. Ainda que em muitas ocasiões não seja possível evitar sua ocorrência, na maioria dos casos é possível limitar suas consequências através de uma previsão adequada sobre a maneira de atuar em tais circunstâncias. Uma forma racional de alcançar este objetivo exige necessariamente um planejamento. Os planos de emergência, aproveitando as experiências passadas, tentam prever as possíveis situações futuras, procurando evitar que os efeitos derivados de qualquer eventualidade alcancem proporções catastróficas entre os ativos humanos e materiais da empresa.
Os planos de emergência reúnem os procedimentos que devem ser adotados no dia a dia para amenizar a exposição dos profissionais a ameaças. Por essa razão, eles são considerados como um dos principais instrumentos para uma gestão eficaz da segurança do trabalho. As empresas devem avaliar suas instalações em função das perdas previsíveis, suas consequências sobre as instalações, capacidade para enfrentar e minimizar estes efeitos, além dos impactos sobre outras instalações vizinhas. Não há maior imunidade contra um sinistro que um cuidadoso planejamento. Quando uma empresa não tem um plano que foi testado para reagir e recuperar de um desastre, ela coloca em risco todos os seus outros planos e objetivos.
A norma da ABNT NBR 15219 estabelece os requisitos mínimos para a elaboração, implantação, manutenção e revisão de um plano de emergência, visando proteger a vida e o patrimônio, de forma a garantir que todos tenham conhecimento dos procedimentos a serem executados em caso de emergência. Também há as legislações internas às empresas, que oferecem diretrizes de segurança e emergência a todos os setores, apontando ainda a necessidade da manutenção de uma brigada de incêndio ou a estruturação de um SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho). Ao avaliar a vulnerabilidade das instalações de uma empresa, devem ser considerados os fatores ambientais e econômicos que sirvam de base para estimar a verossimilhança de um dano comparando-o, direta ou indiretamente, com outra instalação localizada em qualquer outra parte. Também é necessário estabelecer os planos e as medidas de proteção de cada instalação ou conjunto de instalações que objetivem minimizar os danos e as responsabilidades. Um aspecto da incidência dos fatores ambientais que circundam a empresa, utilizado para determinar a vulnerabilidade de uma instalação, é a sua localização. Por exemplo, uma determinada indústria pode estar em perigo devido à sua proximidade com outras fábricas, instalações portuárias, aeroportos, instalações com atmosfera explosiva ou grandes núcleos populacionais. Os planos podem ser modificados indefinidamente segundo as circunstâncias, a capacidade de organização, a natureza da gerência e a topografia do local para operações.
Analogamente, a incidência dos fatores ambientais naturais depende da localização da empresa e de sua relação com a distribuição geográfica dos diversos riscos naturais. Assim, é preciso considerar se o local está sujeito a ventos de grandes velocidades ou inundações periódicas, por exemplo. Por outro lado, as instalações são também vulneráveis devido a uma construção inadequada, pela utilização de processos ou materiais perigosos inerentes às atividades ou geradores de subprodutos perigosos, pelo armazenamento de combustíveis, pela concentração de grandes equipes, pelo uso de equipamento com maquinaria dificilmente substituível, pela necessária especialização dos empregados, pela inexistência de saídas adequadas para a evacuação dos edifícios, pela falta de áreas de refúgio ou vias de evacuação limitadas, etc.
Planejar de antemão uma emergência é a chave para evitar o caos que se produz num sinistro. Nesse sentido, um plano de emergência deve ser projetado para proteger as instalações e os ativos materiais de uma empresa e, sobretudo, o mais valioso deles, os trabalhadores.
Desta forma, o objetivo de um plano de emergência pode se resumir a fornecer um conjunto de diretrizes, dados e informações que propiciem as condições necessárias para a adoção de procedimentos lógicos, técnicos e administrativos, estruturados para serem desencadeados rapidamente em situações de emergência, para a minimização de impactos à população e ao meio ambiente, preservando a estrutura empresarial.
O plano de emergência é parte integrante de um programa de gerenciamento de riscos, de modo que as tipologias acidentais, os recursos e as ações necessárias para minimizar os impactos possam ser adequadamente dimensionados. Essa estratégia de risco é extremamente importante para planejar o atendimento a uma emergência, pois, além de elaborar o plano, delineia o rumo proposto para os vários riscos existentes e prevê as ações a serem tomadas face cada um deles.
A efetividade na limitação dos danos produzidos por um sinistro é normalmente proporcional à amplitude e à profundidade do esforço do planejamento. Um plano será adequado e valioso se no início de uma emergência todas as ações de rotina ou decisões previsíveis foram concebidas e definidas no plano. Desta forma, todos os esforços se concentrarão nas circunstancias imprevisíveis ou anormais que surjam. A empresa deve ser capaz, numa emergência, de se concentrar na solução dos problemas mais importantes, já que o total desconhecimento dos problemas dos riscos existentes ou negligência, provavelmente levará a resultados desastrosos.
O plano de emergência não garante que não ocorra desastre pela simples ocorrência de uma situação de emergência e, sobretudo, naqueles casos que provem de fenômenos naturais, dificilmente evitáveis. Entretanto, podem empreender-se ações que, em situações de emergência, evitem que um sinistro se converta em tragédia. Assim, um plano de emergência deve conter as bases necessárias para se pôr em prática as ações e decisões orientadas para minimizar as perdas. No entanto, existem as situações de emergência que não são precedidas de um alarme prévio, tais como uma explosão, uma bomba ou uma sabotagem. Nestes casos pode não ser possível evitar ou minimizar as perdas materiais ou humanas do impacto inicial. Entretanto, ao se pôr em andamento um plano de emergência, pode ser possível evitar novas vítimas e custos materiais adicionais. Somente através da antecipação aos fatos inesperados e da organização das atividades dirigidas para minorar o impacto produzido por tais fatos, é que se pode controlar o caos inicial associado a qualquer situação de emergência. Um plano de emergência pode ser visto como uma forma de seguro e como a disponibilidade de tempo necessário para proporcionar uma base para a tornada ordenada de decisões e para as ações em situações de crise, a fim de garantir a proteção das pessoas e dos bens, a sobrevivência da empresa, a continuidade da equipe diretiva da empresa e o restabelecimento paulatino da atividade produtiva. Para cada tipo de emergência existem diferentes medidas a serem tomadas para controle das situações previstas.
O plano e os procedimentos para levá-lo a cabo devem refletir o ambiente interno e externo da empresa, servindo-se de recursos próprios e das instalações e pessoal existente, já que a ajuda externa pode não ser possível numa situação de emergência. A estrutura básica do plano deve apoiar-se nos recursos disponíveis da empresa, partindo dos diferentes departamentos, das medidas de proteção das instalações, do equipamento e do pessoal médico. Deve-se organizar também uma lista dos conhecimentos especiais do pessoal das instalações, tanto no que se refere às próprias funções como ao que possa ser de importância em caso de emergência. O conhecimento destes extremos tornará muito mais fácil a determinação de funções a cada um deles e economizará tempo de treinamento.
Igualmente importante é criar um centro de controle para dirigir as operações de emergência. Este pode localizar-se ou na área de maior proteção das instalações ou, se isso não for possível, no escritório da gerência da fábrica. Convém estabelecer uma ou duas alternativas de modo que exista flexibilidade no estabelecimento do centro de controle, dependendo das condições que ocorram. Os pontos básicos do plano de emergência devem ser comunicados aos trabalhadores, para que se familiarizem com suas responsabilidades e prestem total colaboração. Por outro lado, devem ser mantidos contatos com diversas autoridades, tais como polícia, bombeiros, etc., para que fiquem mutuamente informados e poder coordenar os planos, especialmente quando se pensa utilizar as vias de evacuação partindo da empresa. Pode também ser útil discutir os planos de emergência com os representantes de outros serviços públicos (defesa civil), já que eles mesmos podem ter estabelecido planos que se complementem com os elaborados pela empresa. Todos os serviços externos de ajuda (polícia, bombeiros, ambulâncias, pessoal de hospitais etc.) devem estar familiarizados com as instalações da empresa e conhecer claramente as entradas, saídas e vias de evacuação, as quais deverão estar sinalizadas perfeitamente.
Outro ponto fundamental no atendimento às emergências é a definição de uma rota de fuga segura e coerente, que atenda aos padrões de segurança exigidos pelas normas técnicas vigentes e pelo corpo de bombeiros. Compostas por um mapa estratégico que tem como objetivo evacuar o ambiente de forma segura no caso de sinistros, as rotas de fuga são fundamentais em prédios e edificações que tenham um grande número de circulação de pessoas.
Em caso de um incêndio – quando ocorre movimentação e pânico – as rotas de fuga são um diferencial para evitar que aconteçam tragédias. Para que sejam eficientes, as sinalizações de emergência devem estar evidentemente à vista de todos. É importante que todos os equipamentos de segurança sejam devidamente certificados e estejam com suas manutenções em dia.
Além de uma definição correta do trajeto, há várias medidas preventivas contra incêndios que devem ser seguidas, como a instalação e realização de manutenções periódicas nos equipamentos materiais de segurança, extintores, sprinklers, portas corta-fogo, iluminação de emergência e placas de sinalização, etc.
Importante também ressaltar a necessidade de manter em boas condições as instalações elétricas, a fim de evitar incêndios e curto-circuitos causados por falta de limpeza e manutenção, uso incorreto das instalações, sobreaquecimento, dimensionamento incorreto de cabos, falta de dispositivos de proteção, retirada de componentes de segurança ou improvisação de materiais, equipamentos e ferramentas.
Todo plano de emergência deve levar em conta os seguintes aspectos:
- Capacidade da empresa para manter seguras suas instalações e responder de modo eficaz a qualquer eventualidade. - Proteção contra incêndios, mantendo, quando possível, uma brigada bem treinada para minimizar os efeitos adversos de um incêndio. - Instalações e manutenção com capacidade para declarar inadequadas partes ou setores da fábrica, manter em funcionamento os equipamentos de processamento de dados e as instalações de serviços gerais. - Primeiros socorros como desenvolvimento de uma resposta imediata para salvar vidas e aliviar os efeitos e sofrimentos dos feridos. - Comunicações e estabelecimento de linhas telefônicas de emergência, assim como de outros meios de comunicação . - Escritórios centrais alternativos, caso haja necessidade, por causa de destruição parcial ou total das instalações. - Duplicidade de arquivos vitais, preservando os documentos essenciais para a continuidade do funcionamento da empresa. - Transporte para prever a evacuação de feridos, produtos, etc. O transporte público é um dos serviços vitais que primeiramente sofrem interrupções no caso de uma catástrofe. O plano de emergência deve estabelecer um plano de transporte, especificando onde estão os veículos da empresa, quem os tem, quem são os motoristas, as situações de prioridade e onde devem ser encontrados os veículos em caso de emergência. - Contatos com as autoridades locais tais como; polícia, ambulâncias, bombeiros, defesa civil. O gerente de riscos deve reunir-se com estes grupos, pelo menos uma vez por ano, para manter com eles boas relações e informação atualizada. - Sistemas de alarmes para as diferentes eventualidades, assim como fazer exercícios e simulações, para que o pessoal esteja familiarizado com os procedimentos de emergência.
Como última etapa da preparação, deve-se realizar o simulado. Esta fase precisa ser precedida de um estudo de análise de riscos em que possíveis cenários acidentais dentro da empresa foram identificados, suas consequências foram avaliadas e os recursos e os procedimentos necessários para o atendimento emergencial àqueles cenários foram adquiridos e estabelecidos. As simulações objetivam também promover a integração entre os diversos órgãos que estarão atuando conjuntamente na resposta às emergências.
O simulado tem quatro fases distintas, igualmente importantes: planejamento, organização, execução e avaliação. Na fase de planejamento são definidos seus objetivos, escopo (tipo de simulado), datas, etc. Na fase da organização as demais instituições participam e se define o cenário (impacto ambiental, vítimas), a atuação de cada uma, recursos a serem utilizados, cronologia, equipe de avaliadores, etc. Na fase da execução o exercício é desenvolvido conforme o planejamento realizado. Na fase de avaliação as instituições devem se reunir e realizar uma análise crítica do exercício, a partir do que foi observado pela equipe de avaliadores e por elas próprias, permitindo, assim, aprimoramento dos trabalhos.